sábado, 10 de maio de 2008

Encontrei esta peça debaixo do livro de sumários do ano passado...


sim, rebentei com o formato. bof.
grafite, montagem digital... *

#4 Professores falam mais entre eles :)


Técnica Mista (Tinta da China/Sakura Micron/Tratamento Digital) *

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Desafio #4

Professores falam mais entre eles e dizem que isso está a ser bom para a Matemática

O ano passado, Catarina Ferreira, professora de Matemática, desde 1994, na escola secundária Braamcamp Freire, na Pontinha, arredores de Lisboa, falou com os professores da escola vizinha da sua e deslindou, assim, um "mistério": descobriu a razão pela qual os alunos que chegavam ao 7.º ano mostravam habitualmente "grandes dificuldades em Geometria". Na escola ao lado, um estabelecimento do segundo ciclo de onde vêm muitos dos seus alunos, os professores do 6.º ano muitas vezes não conseguiam chegar à parte da Geometria. Ou seja, os alunos chegavam ao 7.º ano quase a zero nesta matéria.
Ontem, sorridente, a docente contou a história no Centro Cultural de Belém, durante uma das sessões da Conferência Internacional sobre o ensino da Matemática, promovida pelo Ministério da Educação. Catarina Ferreira, que já colaborou em projectos do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) e pertenceu à direcção da Associação de Professores de Matemática, referiu que as conversas com os professores do segundo ciclo já lhe permitiram preparar o ano de estreia do terceiro ciclo de modo mais conforme às necessidades dos alunos. "Claro que já podia ter feito esse contacto, mas sabem como nós, os professores, somos tão distraídos", comentou. Para ela, este contacto figura entre as mais-valias que já resultaram do Plano de Acção para a Matemática, lançado há dois anos pelo Ministério da Educação para melhorar o ensino da disciplina.
Principal conquista do PAM até ver, segundo ela e vários outros docentes: o trabalho em equipa entre professores. Desta colaboração recente resultaram muitos dos "exemplos de boas práticas" que mais de 140 escolas levaram ao CCB sob a forma de posters, onde dão conta do que estão a fazer, no âmbito daquele plano, para melhorar o ensino da Matemática. Sobressaem as parcerias entre docentes e disciplinas e as aproximações de carácter lúdico.
Uma pergunta que foi feita e ficou sem resposta: que implicações podem ter nos programas de Matemática os resultados da avaliação nesta disciplina? Com cerca de 650 participantes, na sua maioria professores, para a conferência que hoje termina foram convidados como conferencistas vários dos autores dos programas em vigor. Teresa Cassiotti, da direcção da Sociedade Portuguesa de Matemática, que tem protagonizado as críticas aos actuais currículos, disse que a SPM não foi convidada. Joana Brocardo, coordenadora da conferência, garantiu o contrário.
Armando Machado, professor do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências de Lisboa, fortemente representada entre os conferencistas, apontou algumas opções do actual programa que, segundo ele, "parecem apontar para direcções menos correctas", que poderão estar a contribuir para "uma visão deformada, pouco organizada e empobrecida" da Matemática. Entre elas, figuram uma "perspectiva casuística dos conhecimentos matemáticos", a "abordagem de assuntos de forma incompleta" e a "frequente desvalorização do cálculo" .
Para Henrique Guimarães, membro da equipa que elaborou o reajustamento do programa de Matemática para o ensino básico, que entrará em vigor em 2009, o novo currículo poderá vir marcar a diferença que falta. Pela primeira vez, haverá em Portugal uma articulação com o primeiro ciclo, justificou.
Uma boa conquista para a Matemática, segundo Arsélio Martins, Prémio Nacional de Professores 2007: as aulas de 90 minutos.


in Jornal Público, 08/05/08